Igor Clayton Cardoso: Fitch reduz perspectiva do Brasil de estável para negativa

Apesar disso, agência de classificação de risco manteve a classificação do rating brasileiro em “BBB”, a penúltima nota de grau de investimento

Igor Clayton Cardoso
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A agência de classificação de risco Fitch revisou nesta quinta-feira a perspectiva do rating do Brasil para negativa, ante estável, citando a contínua fraqueza econômica no país, maior desequilíbrio macroeconômico e deterioração fiscal. A Fitch manteve a classificação do rating brasileiro em “BBB”, a penúltima nota de grau de investimento, mas citou como riscos a dificuldade em consolidar o ajuste fiscal, o crescimento fraco contínuo, a confiança reduzida no governo e o crescente endividamento do governo.

“Embora o governo tenha iniciado um processo de ajuste macroeconômico para melhorar a credibilidade política e a confiança, persistem riscos relacionados à sua implementação efetiva e durabilidade, especialmente no contexto de um ambiente econômico e político desafiador”, avaliou a Fitch.

A mudança da perspectiva do Brasil de neutra para negativa sinaliza que de doze a dezoito meses haverá uma decisão sobre a nota soberana do país, disse Shelly Shetty, diretora de rating soberano para a América Latina da Fitch, em entrevista à Agência Estado. “Alterações de rating podem acontecer antes, e alguns casos já ocorreram, mas não é comum”, ponderou.

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Para a Fitch, o processo de ajuste, se implementado com sucesso, pode levar a uma retomada da confiança e crescimento em 2016, mas este último deve ficar abaixo do de outros países com o mesmo rating.

Segundo a agência, a economia brasileira deverá ter contração de 1% neste ano, depois de crescer apenas 0,1% em 2014. Conforme a Fitch, a média de crescimento em três anos do Brasil de apenas 1,5%, em comparação com a média de 3,2% dos países com rating BBB, destaca a natureza estrutural do fraco desempenho.

“As perspectivas de crescimento no médio prazo dependem amplamente da capacidade do governo de reverter a queda na confiança e melhorar a competitividade da economia progredindo nas reformas microeconômicas”, completou a agência.

Fiscal – As contas fiscais do Brasil se deterioraram acentuadamente em relação ao ano passado, afirmou a Fitch, tendo em vista que o déficit orçamentário atingiu 6,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014. A agência destaca que o país registrou o primeiro déficit primário em vários anos. O peso da dívida pública aumentou para 58,9% do PIB em 2014, em comparação com a média de 52,8% durante o período de 2010 a 2013. “O fardo da dívida é cada vez mais divergente da média dos pares BBB, de 40% do PIB”, afirmou.

FONTE:http://veja.abril.com.br/noticia/economia/fitch-reduz-perspectiva-do-brasil-de-estavel-para-negativa

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Igor Clayton Cardoso: Produção industrial cai em 12 das 15 regiões pesquisadas

São Paulo, principal parque fabril brasileiro, teve queda de 8,5% em relação a fevereiro de 2014. Bahia, Amazonas, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Minas tiveram queda de dois dígitos

Fábrica da Renault em São José dos Pinhais, Paraná
Na comparação de fevereiro de 2015 com o mesmo mês de 2014, o recuo mais intenso foi registrado na Bahia (-23,2%)(Rodolfo Buhrer/Reuters/VEJA)

Ao todo, doze dos quinze locais pesquisados tiveram redução na produção em fevereiro ante fevereiro de 2014. Apesar de uma leve alta na produção industrial em fevereiro ante janeiro, de 0,3%, São Paulo, o principal parque fabril brasileiro, registrou queda de 8,5% nessa atividade na comparação com fevereiro de 2014, informou nesta terça-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado foi menos intenso do que a perda observada na média nacional (9,1%) na comparação anual, divulgada na semana passada.

O instituto ressalvou que fevereiro de 2015 teve dois dias úteis a menos (dezoito dias ao todo) do que igual mês do ano anterior (vinte dias), e isso pode ter influenciado também no resultado. Nesta comparação, os recuos mais intensos foram registrados por Bahia (23,2%), pressionada pelo setor de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, e Amazonas (18,9%), influenciado por equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (principalmente televisores).

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Paraná (15%), Rio Grande do Sul (13,7%), Rio de Janeiro (11,8%), Região Nordeste (11,1%) e Minas Gerais (10,6%) também apontaram taxas negativas de dois dígitos, enquanto Santa Catarina e Ceará (ambos com 9,5%) completaram o conjunto de locais com recuos mais acentuados do que a média. Outros resultados negativos foram registrados em Goiás (4,4%) e no Mato Grosso (1,5%), além de São Paulo.

Por outro lado, Espírito Santo (25,6%) assinalou o avanço mais intenso nesse mês, impulsionado principalmente pelo comportamento positivo vindo dos setores extrativos e de metalurgia. Os demais resultados positivos foram observados no Pará (9,4%) e em Pernambuco (2,3%).

(Com Estadão Conteúdo)

FONTE:http://veja.abril.com.br/noticia/economia/producao-industrial-cai-em-12-das-15-regioes-pesquisadas

Igor Clayton Cardoso: Estagnação não tira do Brasil posto de 7ª economia

Brasil tem desempenho econômico pífio, mas mantém posição no ranking mundial

Igor Clayton Cardoso
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O Produto Interno Bruto (PIB) divulgado nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que a economia brasileira cresceu apenas 0,1% em 2014, a 5,52 trilhões de reais em 2014, o equivalente a 2,66 trilhões de dólares, considerando a cotação de fechamento de 2014. Contudo, o mau desempenho ainda não tirou do país o posto de sétima maior economia do mundo. A Rússia, que em 2013 sinalizava um avanço consistente capaz de fazer frente ao Brasil, agora apresenta retração. Envolvido nos conflitos na Ucrânia e alvo de sanções econômicas dos Estados Unidos e da Europa, o país europeu deve ver sua riqueza recuar para 1,85 trilhão de dólares, segundo projeções da consultoria Economist Intelligence Unit (EIU). Os números oficiais de 2014 ainda não foram divulgados pelo governo russo.

Independentemente do desempenho russo, a tendência é de que o Brasil perca espaço nos próximos anos no ranking. Além do fraco resultado em 2014, as perspectivas de analistas são de que 2015 e 2016 também sejam anos difíceis. O ultimo levantamento Focus prevê uma retração de 0,83%% este ano e leve crescimento de 1,2% no ano que vem.

A Índia, outro emergente que desperta a atenção de investidores, deve em breve ultrapassar o Brasil. Um estudo da A.T. Kearney com base em dados do Banco Mundial prevê que a economia indiana ultrapasse a brasileira em 2019 – e não espantaria se a ultrapassagem fosse antes, devido à aceleração recente do país. François Santos, sócio da consultoria, explica que a Índia está em curva ascendente porque, entre outros fatores, seu primeiro-ministro atual, Narendra Modi, foi governante de um Estado que gerou muitos investimentos em produtividade, o que acabou repercutindo na confiança dos investidores e, consequentemente, na entrada de mais recursos no país. “Seu governo é pró-investimento e crescimento”, diz.

Já no caso do Brasil, não bastassem todas as mudanças na política econômica implementadas pelo governo Dilma, há ainda o impacto negativo dos preços das commodities no mercado externo. “O governo resolveu trocar a política macroeconômica, que estava dando certo, por uma nova matriz, com o intuito de estimular a demanda para gerar crescimento”, explica Alessandra Ribeiro, da Tendências. Segundo a economista, ao estimular o consumo, o governo esperava que viessem mais investimentos. Mas se esqueceu de combinar o plano com investidores. “Isso não funcionou porque havia demanda, mas não oferta”, conta. E estimular a demanda sem oferta gera desequilíbrios, como alta da inflação e déficit em transações correntes. Por outro lado, as exportações de commodities que costumavam segurar a balança não puderam desempenhar papel de salvadoras da pátria justamente porque os preços mudaram de patamar.

Conforme o IBGE divulgou nesta sexta-feira, a taxa de investimento do Brasil em 2014 foi de 19,7% do PIB, abaixo do observado em 2013 (20,5%). Por sua vez, a taxa de poupança foi de 15,8% em 2014, ante 17,0% em 2013.

O professor de Economia do Insper, José Luís Mascolo, acredita que 2015 será um ano de correção e que, na melhor das hipóteses, a economia não crescerá por causa dos ajustes que devem ser implementados pelo ministro da Fazenda Joaquim Levy. “Este ano deve ser um ano de correção de rumo se deixarem Levy trabalhar”, diz. Mascolo explica que, com a elevação dos juros, o consumo tende a cair. Além disso, quando há o ajuste fiscal sendo implementado concomitantemente, a economia titubeia. Contudo, como o objetivo das medidas é o controle das contas públicas, o economista avalia que a tendência é que o mercado retome a confiança.

Ainda há esperança – Economistas ouvidos pelo site de VEJA avaliam que o Brasil enfrenta hoje o mesmo desafio que a Índia vivenciou dois anos atrás: reconquistar a credibilidade perante os agentes econômicos. Os analistas frisam que as realidades dos dois países são distintas, quase incomparáveis, pelo fato de o Brasil estar à frente tanto no desenvolvimento econômico quanto institucional. Contudo, as críticas que foram feitas aos dois países, culminando em ameaças de perda do grau de investimento, e as estratégias traçadas por ambos para reverter a situação se assemelham. A diferença, contudo, é que após meses de um novo governo, a Índia está prestes a crescer no mesmo patamar da China: 7,5%. “Fazer um ajuste fiscal com crescimento é muito mais fácil”, afirma o professor da FEA-USP, Simão Davi Silber.

A Índia começa a colher frutos do processo de ajustes que ainda está em curso. O Brasil está nos primeiros passos: passada a escolha da nova equipe econômica e as primeiras medidas tomadas, o desafio é viabilizar politicamente a empreitada. Se o governo Dilma será capaz de garantir apoio para as medidas, é outra história.

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FONTE:http://veja.abril.com.br/noticia/economia/estagnacao-nao-tira-do-brasil-posto-de-7-economia

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Igor Clayton Cardoso: Pibinho do Brasil não é culpa da crise externa, dizem analistas

Enquanto o Brasil reduz sua presença, exportadores de matérias-primas sustentaram avanços, mesmo com o fim do ‘boom das commodities’

Igor Clayton Cardoso
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Não é de hoje que o governo da presidente Dilma Rousseff atribui a causas externas o motivo da desaceleração econômica brasileira. De fato, o impulso econômico da China diminuiu e o ‘boom das commodities’, visto nos primeiros anos da década, se encerrou. No entanto, mesmo com adversidades externas, outros exportadores de matérias-primas, como Austrália, África do Sul, Indonésia, Chile e Rússia, conseguiram sustentar taxas de crescimento bastantes superiores à brasileira em 2014. Mesmo guardadas as devidas proporções a respeito do tipo de commodity que cada país produz e o peso que cada uma delas tem na economia, analistas consultados pelo site de VEJA são unânimes: as razões para o enfraquecimento econômico doméstico não podem ser atribuídas a uma conjuntura internacional. É, afinal, culpa do próprio Brasil.

É verdade que os preços das commodities despencaram. Mas estão longe do patamar de 10 anos atrás. Ou seja, não se trata de uma situação caótica. O índice de commodities CRB da Reuters, que reúne uma cesta de 19 produtos, recuou mais de 40% desde maio de 2011, quando começou a ceder. É ruim, mas ainda superior ao verificado no período da crise financeira internacional, em 2008. No caso do Brasil, que vende principalmente grãos, o fim da ‘era de ouro’ das matérias-primas o atingiu em cheio: a cotação da tonelada da soja para exportação, por exemplo, está no menor nível desde 2010. Já o minério de ferro, outro produto importante da pauta de exportação brasileira, é vendido nos níveis mais baixos desde 2009 no mercado à vista chinês. Por falar em China, principal destino das exportações brasileiras em 2014, o gigante asiático deve crescer, no melhor cenário, 7% este ano – muito abaixo dos 10% que se tornaram constantes anos atrás.

Esses fatores, contudo, não isentam o Brasil da culpa. O país não fez a lição de casa, que é aumentar a capacidade produtiva e a competitividade. “Tivemos um esgotamento do modelo de expansão do consumo via estímulo da demanda. A combinação entre o fatigado mercado doméstico e a retração do comércio mundial inibiu a capacidade de crescimento do país”, explicou o professor de economia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Antonio Corrêa de Lacerda. Ele acrescenta que o país possui uma economia bastante fechada, em que as exportações respondem por apenas 10% do Produto Interno Bruto (PIB), o que reforça a constatação de que as causas da desaceleração econômica brasileira são internas. O discurso é endossado por José Augusto de Castro, da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). “O desarranjo econômico atual é culpa nossa. Nos encantamos com os preços atrativos das commodities nos últimos anos e achamos que isso fosse durar para sempre”, afirmou.

Entre as desvantagens do Brasil em relação a outros exportadores de commodities estão o elevado custo logístico, a complexa burocracia e o sistema tributário, que desestimula a produção de itens de maior valor agregado. “Nós crescíamos antes independentemente do desempenho do mercado externo. Os preços das commodities ajudaram, mas não resolvaram problemas econômicos estruturais, como falta de competitividade, eficiência e a burocracia excessiva”, diz Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior e sócio da consultoria BarralMJorge. “No caso do Brasil, os fatores internos são sempre mais importantes. O mercado externo, extremamente demandante, ajudou a balança de pagamentos nos últimos anos, mas a atual crise enfrentada pelo país não é uma consequência de uma reversão deste cenário”, afirma.

Mesmo na área externa, alguns deslizes cometidos são de autoria do próprio país. Enquanto o Brasil perde participação em mercados estratégicos, como União Europeia, China, e Argentina, outros partem para a expansão. O caso da Argentina é gritante. Nos últimos três anos, as exportações brasileiras para o país vizinho acumulam queda superior a 35%. A queda se deve, em especial às medidas protecionistas adotadas, à desaceleração local e ao fato de o Brasil exportar para aquele país principalmente produtos manufaturados. “Uma vez que projetamos nova retração do PIB argentino neste ano e seu acesso ao mercado internacional de capitais continuará restrito, é razoável esperar que as relações comerciais entre o Brasil e a Argentina continuem desfavoráveis”, escreveu o economista-chefe do Bradesco, Octavio de Barros, em relatório enviado a investidores. Enquanto isso, a China ‘abocanha’ parte do vácuo deixado pelo Brasil, oferecendo linhas de crédito atrativas aos ‘hermanos’.

Em relação aos Estados Unidos, principal economia do mundo, apenas com Armando Monteiro, atual ministro do Desenvolvimento, é que se tem buscado uma reaproximação – desde 2003 não havia uma missão chefiada pelo governo brasileiro ao país. Reflexo da falta de estratégia do Brasil na área externa foi o resultado negativo na balança comercial de 2014, com déficit (exportações menos importações) de 3,93 bilhões de dólares, o primeiro desde 2000. “Dos quinze maiores exportadores do mundo, treze exportam, sobretudo, produtos manufaturados. São países que fizeram reformas, para coexistir a venda de commodities com manufaturas. Já o Brasil não fez nada: reforma tributária, ampliação de investimentos em infraestrutura, dentre outras coisas. Somos eternamente cigarra – e não formiga”, comparou Castro, da AEB.

Os analistas não veem uma saída fácil nem instantânea para que o Brasil retome uma trajetória de crescimento. Isso proque as medidas que o país precisa implementar são estruturais e têm efeitos apenas no longo prazo. Com isso, este ano e o ano que vem ainda devem ser “problemáticos” no âmbito econômico. “A supresa que temos não é a crise em si, mas a dificuldade que o governo está tendo em geri-la. Dificuldades na articulação com o Congresso criam um clima de desconfiança entre os agentes do mercado, sem falar dos desdobramentos da Operação Lava Jato, que não ajudam em nada”, afirma François Santos, sócio do escritório brasileiro da A.T. Kearney.

FONTE:http://veja.abril.com.br/noticia/economia/pibinho-do-brasil-nao-e-culpa-da-crise-externa-dizem-analistas

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Igor Clayton Cardoso: Economia brasileira escapa por pouco da retração ao subir 0,1% em 2014

Nova metodologia do IBGE ajudou para o que resultado não fosse pior; maior impacto negativo veio da indústria

Igor Clayton Cardoso
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A economia brasileira cresceu apenas 0,1% em 2014, em relação ao ano anterior, divulgou nesta sexta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2013, o crescimento foi de 2,7%, de acordo com dados revisados – antes apontava para avanço de 2,5%.

O resultado verificado no ano passado foi salvo, segundo economistas, pela revisão da metodologia de cálculo do IBGE. Em valores correntes, o Produto Interno Bruto (PIB) atingiu 5,52 trilhões de reais no ano passado. Já o PIB per capita ficou em 27.229 reais, queda de 0,7% em volume em relação a 2013.

O PIB é analisado pelos economistas sob duas óticas distintas: a da oferta, representada pelo setor produtivo (agropecuária, indústria e serviços) e a da demanda, representada por investimentos, consumo das famílias, gastos do governo e balança comercial (exportações menos importações).

Do lado da oferta, o destaque do desempenho pífio no ano foi para a queda de 1,2% da indústria. Já a agricultura cresceu 0,4% e o setor de serviços mostrou variação positiva de 0,7%. Sob a ótica da demanda, os investimentos tiveram baixa de 4,4% e o consumo das famílias subiu 0,9%. Já os gastos do governo aumentaram 1,3% em relação a 2013, lembrando que 2014 foi ano eleitoral.

Segundo o IBGE divulgou nesta manhã, a taxa de investimento no ano de 2014 foi de 19,7% do PIB, abaixo do observado em 2013 (20,5%). A taxa de poupança foi de 15,8% em 2014, ante 17,0% em 2013.

Na análise do setor externo, as exportações recuaram 1,1% e as importações de bens e serviços caíram 1%. Entre as exportações, os destaques negativos foram a indústria automotiva (incluindo caminhões e ônibus) e embarcações e estruturas flutuantes. Por outro lado, o Brasil vendeu mais ao exterior produtos siderúrgicos, celulose e produtos de madeira. No caso das importações, o país comprou mais máquinas e equipamentos e indústria automotiva (incluindo peças e acessórios).

Lava Jato – A paradeira verificada em 2014 ainda não havia captado os efeitos da Operação Lava Jato no setor da construção civil e ainda tinha o atenuante da Copa do Mundo, que movimentou bilhões de reais em serviços. Em 2015, não só a Lava Jato deve impactar em cheio o setor de infraestrutura, como o país também padecerá dos efeitos do ajuste fiscal – que é necessário, porém mais doloroso quando feito em períodos de recessão.

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Quarto trimestre – Considerando apenas o quarto trimestre em relação ao terceiro, houve aumento de 0,3% no PIB, salvo pela agropecuária que cresceu 1,8%. O setor de serviços ajudou também ao registrar alta de 0,3%, mas a indústria recuou 0,1%. Contudo, se comparado ao quarto trimestre de 2013, na série sem ajustes sazonais, a economia brasileira retrocedeu 0,2%. O IBGE revisou ainda o PIB do terceiro trimestre, que passou de avanço de 0,1% para alta de 0,2% ante abril a junho.

Na avaliação de economistas consultados pelo site de VEJA, o importante não é o número do PIB em si, mas a tendência de queda para os próximos trimestres – algo que o próprio ministro da Fazenda Joaquim Levy admitiu recentemente. “A herança de 2014 será muito ruim. O governo gastou muito, perdeu receitas importantes e levou o país a um déficit público recorde de 6,7% do PIB. Essa herança vai deixar a situação para o Brasil em 2015 ainda mais difícil. O cenário é de contração do crédito, risco de racionamentos de água e energia, e ainda inflação alta”, diz Francisco Assunção e Silva, coordenador da Comissão de Política Econômica do Conselho Federal de Economia (Cofecon).

Já o professor de Economia da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), Tharcisio Souza Santos, argumenta que, não bastassem os números ruins, há ainda a questão da mudança de cálculo do PIB, que provoca questionamentos entre estudiosos. “O pior nem é o ajuste, mas é essa revisão da metodologia que não sabemos direito como será e até que ponto é necessária. Perdemos um pouco da previsibilidade do que virá com o número”, afirma.

Metodologia – Economistas já esperavam que as mudanças no cálculo do PIB, promovidas pelo instituto, aumentariam o tamanho da economia do país e afastariam o risco de recessão em 2014. As contas nacionais agora incorporam gastos bélicos e com pesquisa e desenvolvimento ao investimento e calculam melhor dados da construção civil e saúde.

As alterações estão sendo trabalhadas pelo IBGE desde 2012 e promovem uma mudança no ano-base da série histórica. Atualmente, a base é considerada o ano 2000, e com a atualização passará ao ano de 2010. O novo sistema também incorpora dados do Censo Agropecuário de 2006 e da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2008-2009, além de se adaptar às recomendações internacionais. Dessa forma, o PIB brasileiro se tornará mais comparável com o de outros países.

FONTE:http://veja.abril.com.br/noticia/economia/economia-brasileira-escapa-por-pouco-da-retracao-ao-subir-01-em-2014

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